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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

IX

Vivemos a vida com medo. Não é medo do que possa acontecer, mas medo de perder. Seja o que já conseguimos, seja o que somos, seja alguém.

Mas não devemos. Porque viver com medo é só viver parte da vida, e a vida pode acabar a qualquer instante para deixarmos coisas por fazer, dizer ou viver. 

Em todo o caso, nunca podemos perder algo nosso. Se perdemos algo é porque nunca foi nosso.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

VIII

Será que por vezes antes de clarificar a situação ou perguntar a razão já concluímos algo que pode estar errado ou não exatamente correto. Porquê fazemos isto várias vezes?

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

VII

Os homens dizem que nas relações (ou em casa) mandam as mulheres. As mulheres dizem que se trata de um pensamento masculino. Quem terá razão?

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

VI

Será mera curiosidade as motivações básicas dos humanos (seres racionais) serem as mesmas dos animais (seres irracionais)? A busca da satisfação e prazer, evitando o sofrimento e a dor.

domingo, 3 de novembro de 2013

V

Será que as raparigas procuram num relacionamento alguém para cuidar (fazer o papel de mãe) e alguém que as proteja (que faça o papel de pai). Ou seja, precisam de cuidar como precisam de proteção, precisam de amar como precisam de ser amadas.

sábado, 2 de novembro de 2013

IV

Será que por vezes, os pais não fazem pior figura que os filhos, estando constantemente a berrar com eles? 
Será que pensam que os filhos são bonecos que se pode controlar totalmente os comportamentos ou escravos para fazerem o que lhes ordenam?

Mas verdade que os filhos conseguem tirar os nervos aos pais mais calmos.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Post #03 - Lamechices

"Ela pergunta-me porque é que os homens nunca falam de Amor, mas não é sobre os homens que ela quer saber seja o que for. É sobre mim. Quer saber porque é que eu nunca lhe digo que gosto dela, que a Amo ou pelo menos que eu defina verbalmente a importância dela para mim. Não sou capaz de o fazer e, pior do que isso, nem sequer sou capaz de lhe dizer que sou incapaz de o fazer. Sou homem, é isso, e portanto espero que ela adivinhe tudo o que eu sinto por ela. Não sei como, mas tenho esperança que o consiga fazer. Afinal de contas é mulher.
Ser homem é difícil porque um homem tem que parecer o mais forte a vida toda, e todos sabem que parecer uma coisa é bem mais difícil do que sê-lo. Ainda noutro dia fomos passear na praia que o Inverno limpou de gente. Ela descalçou-se e abraçou-me. Eu descalcei-me e deixei-me abraçar. Caminhámos durante largos minutos com os pés enterrados no seu silêncio, e eu sabia que ela estava à espera que eu lhe dissesse qualquer coisa. Um "Amo-te tanto!", por exemplo. Mas eu não consegui. Nunca consigo. Cheguei a elaborar uma frase qualquer com as palavras "gosto" e "sorte", mas os meus dentes bloquearam-na quando ela estava prestes a sair da boca. Demos meia volta e regressámos mais distantes, com as mãos enfiadas nos bolsos, eu com a sensação que estava a esconder o que sentia num deles.
Foi a semana passada que me contou a história dum filme qualquer que viu na televisão, numa noite dessas em que eu fico horas seguidas sentado em frente ao computador sem concluir nada do que começo a fazer. Era sobre um homem incapaz de falar de Amor e que acabava um alcoólico solitário por causa disso. Eu percebi onde ela queria chegar mas respondi-lhe que o argumento me parecia "mais uma lamechice qualquer". Vi-a sorrir com a minha resposta mas com um sorriso triste, como se engolisse duma só vez a réstia duma esperança qualquer. E eu, que pareci mais uma vez o mais forte, na realidade senti-me mais fraco.
Agora estamos aqui num café dos subúrbios da cidade, onde algumas dezenas de pessoas preenchem boletins do totoloto como se isso lhes pudesse salvar a vida, e ela pergunta-me porque é que os homens nunca falam de Amor. Eu sei que responder pode salvar a minha vida, mas as ideias enrolam-se no meu cérebro como um áspero novelo de lã. Os olhos dela pousaram no meus como o pé dum vencedor que pisa o corpo imóvel do morto, e o meus parecem insectos à procura dum local para descansar. "Eu Amo-te", digo-lhe baixinho. Depois concluo que não faço a mínima ideia porque é que os homens não falam de Amor. Ela levanta-se e dá-me um beijo na testa antes de sair a correr para o trabalho. Pareço mais fraco mas sinto-me mais forte."